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Mostrando postagens de julho, 2015

Em branco...

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Em branco. Errei milhões de vezes, e foram tantas que não dou conta de contar. Como? perguntarão os puros, aqueles que tenho procurado para derramar os meus pecados: quase anjos, que nunca erraram, que não pecaram, que nunca estão, que nunca vejo, que não caíram, que não amaram, que não perderam, que não mataram, mas não viveram. Onde estão? Procurei em um milhão de ombros, e perfumes que se misturaram com o perfume de meu corpo, de meu copo, do suor de meu despudor, mas não encontrei o confessor. Alguém que não tivesse pecado como eu, andado por descaminhos a devassar os medos, a se entregar a devassidão que chamam vida, à solidão acompanhada dos perdidos, capitaneando noites, consumindo os dias, para a vida fazer sentido. Desisti. Esperarei outra noite qualquer, a mesma bebida no copo, o mesmo sorriso na boca, o beijo de outra mulher a quem chamarei de princesa, a quem não di

Nau e nós (para Mariluce)

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Nau e nós...  (para Mariluce) Nesses anos de viagem juntos, faz tempo que estamos embarcados no mesmo barco. Passamos por tempestades, enfrentamos ventos de proa e de popa, de estibordo e de bombordo, atravessamos oceanos e mares, ficamos muitas vezes perdidos, e quantas não foram aquelas em que duvidei que o barco fosse resistir. Foram vagas fortes, temporais que apagavam os dias que se misturavam com as noites, noites muitas vezes de céu sem luar e sem estrelas que nos servissem de orientação, e quantas foram as vezes achei que os impactos com recifes levariam nossa embarcação ao fundo. Mas vimos paisagens fantásticas e vivemos momentos raros, únicos, inesquecíveis, que apenas poderiam ser testemunhados por quem viveu grandes amores, e das histórias de amor que conheci, nunca ouvi nenhuma mais bela, nem de amor maior que o nosso. Tive a sorte de amar você, de ser amado por você, de ter você a bordo do nosso amor, que nos momentos mais difíceis foi timonei

Cativos

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Cativos Não é preciso muito mais que um teu olhar, apenas, para habilitar-me à vida. Desvivo em tua ausência! Como luar de lua nova, como verso sem rima, verso não lido jogado fora. Gosto de tatear teu rosto com meu olhar, como se avistasse um quadro de perfeição impressionista. Um Monet, um Renoir, emoldurado em minha memória para expô-lo em vaidade ao meu amor. Sim, expor a ele, culpado isolado de tudo que me contenta e da maldição que me atormenta. Sim, ele, o algoz, aquele que me torna taciturno, amaldiçoado, pedinte em teu afastamento, imponente quando a teu lado, expor a ele que o que me cativou, teu rosto, primeiro o escravizou, para depois deixar-me escravizado. Somos reféns de ti... Arrastamos o grilhão dos condenados: ele ri de mim, eu o amaldiçoo, eu o menosprezo, ele me consome nesse ritual sem nome, desesperado, no qual ressuscito mil vezes, para poder morrer