Preciso de um velho ano-novo

Preciso de um velho ano-novo Preciso de um novo ano que devolva a Vida que ficou numa esquina qualquer do tempo, perdida, a buscar ecos de sonhos e inocência, e de crianças nas ruas despojadas do medo de brincar de ciranda, de ficar sozinha, de alcançar o céu das amarelinhas, de pular corda, de rodar pião, de se apossar das calçadas, de pelada nas ruas, de jogar botão, de namorar a lua. Preciso de um novo ano velho que resgate o entusiasmo de despertar com sorriso no rosto, de me emocionar com barquinhos de papel, com as chuvas de verão, com bolas de gude, de pés no chão, em que seja proibido não se deixar levar pelo encanto do canto dos pardais, de se emocionar com o amor, de se render à paixão. Preciso de um velho-ano novo despido de preconceitos, onde se tente impor amor, não opinião, prevaleça o ser sobre o ter, a liberdade de credo, a disposição do corpo, a deposição do gênero, a ternura eterna. Amém! Um ano novo em que ...