Cativos









Cativos


Não é preciso muito mais
que um teu olhar, apenas,
para habilitar-me à vida.

Desvivo em tua ausência!

Como luar de lua nova,
como verso sem rima,
verso não lido
jogado fora.

Gosto de tatear teu rosto
com meu olhar,
como se avistasse um quadro
de perfeição impressionista.
Um Monet, um Renoir,
emoldurado em minha memória
para expô-lo em vaidade
ao meu amor.

Sim, expor a ele,
culpado isolado de tudo que me contenta
e da maldição que me atormenta.

Sim, ele, o algoz,
aquele que me torna taciturno,
amaldiçoado,
pedinte
em teu afastamento,
imponente
quando a teu lado,
expor a ele que o que me cativou,
teu rosto,
primeiro o escravizou,
para depois deixar-me escravizado.

Somos reféns de ti...

Arrastamos o grilhão dos condenados:
ele ri de mim, eu o amaldiçoo,
eu o menosprezo, ele me consome
nesse ritual sem nome,
desesperado,
no qual ressuscito mil vezes,
para poder morrer
por ti
de novo.



(Paulo da Vida Athos-2015)

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