Ao meu irmão de verso e de cruz









Ao meu irmão de verso e de cruz*








O vigor físico a gente usa quando tem e pode.

O vigor mental, meu irmão querido, é diferente.

Quando a batalha depende de vigor físico, que não temos tanto, é mais difícil.

Porém difícil não é sinônimo de impossível.

Usa-se a experiência, a inteligência. Primeiro para saber se uma batalha física deve - e pode - ser enfrentada. E então tomar a decisão mais acertada.

Quanto a batalha é mental, intelectual, não física, aí discordo!

O vigor mental não se exaure enquanto não nos rendemos. Essa é a questão. Muitas vezes nos rendemos para nós mesmos, e não se abandona o jogo antes do apito final.

Nessa batalha mental em que enfrentamos monstros interiores - às vezes alguns querendo se exteriorizar - não concordo com exaurimento de vigor, de força mental, sem nossa permissão.

Olhe para trás. Veja quantas foram as batalhas.

Olhe para dentro de você, veja suas cicatrizes interiores. Cada uma é uma medalha. Cada uma corresponde a uma batalha vencida ou perdida, mas sobrevivemos.

A guerra nunca será vencida por nós, mas também nunca seremos derrotados no combate que se dá nesse campo de batalha chamado Vida.

Enquanto estivermos nele, não seremos derrotados.

E quando não mais estivermos nele, é porque fomos dançar nossa última valsa com a derradeira namorada, a Morte.

E, nesse caso, não estaremos aqui.

Ou seja: nunca perderemos a guerra e testemunharemos isso.

Logo, usemos nossas recordações quando mais nada nos restar.

Fiz isso aos 20 anos, durante os anos que vivi no inferno, porque não o faria agora que sou muito mais velho, experiente e com muito mais recordações bonitas que vivi depois?

Não! Me recuso! Não hastearei bandeira de rendição!

Pego logo uma recordação bonita, faço dela uma esponja, ou enxugo a lágrima com um mata-borrão!

E espero que, como guerreiro que sei que é, te encontrar como sempre, de pé, bailando com a Vida!

Grande abraço! Bom dia!

RJ, 18/12/2018


Paulo da Vida Athos

*AGV

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