Ciranda e Sonho
Ciranda e Sonho
Alcanço o quintal
E o vento desfralda a camisa
Aberta em meu peito nu,
Enquanto bebo sol
E transpiro luz.
Um bem-te-vi
Bem-me-vê passar
Carregando um comboio de sonhos
De menino, de moleque sem dono,
Cirandando entre estrelas e lembranças
De amor, despojado do ter,
Embebido no ser
Um momento fugaz na memória,
Repleta de gnomos, heróis e histórias
De amor, de chão e luar.
De posse da rua,
Cavalgo uma brisa ligeira
Com quem brinco de pique-bandeira,
De pião, de botão e de roda,
Com canções que não saem de moda,
Espreitando a chegada da lua,
Esperando a menina passar,
Enquanto um aperto em meu peito
Sentencia o amor imperfeito
Que machuca, de tão grande,
Tão mar.
Mesmo assim minha alma reluta.
Não desperta, não quer despertar.
E então quando menos espero,
Com perfume e luz de luar
Ela entra vestido estampado,
Pele clara, cabelos dourados,
Mel nos olhos e doce nos lábios,
Me sorri um sorriso-criança,
Sem espera e sem esperança,
E vem pro sonho comigo brincar...
(Paulo da Vida Athos)
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