Guerra às Drogas: 53 anos de fracasso

53 anos de fracasso.

O termo 'guerra contra as drogas' cunhado por Nixon, em 1962, sintetiza perfeitamente a razão do fracasso: toda guerra é uma estupidez.

As drogas ilícitas já estavam proibidas, entre elas a cocaína, a maconha, o ópio.  

O álcool, que já fora proibido durante os 14 anos que durou a Lei Seca que gerou os danos colaterais conhecidos pelo grande público através da cinematografia, já não mais era uma droga proibida, assim como o tabaco, as duas drogas que mais matam no mundo em função de seus efeitos na saúde da humanidade e no comportamento humano.

Nesse caso o poder econômico falou mais alto já que nem os Estados nem as transnacionais queriam abrir mão dos recursos gerados por sua regulamentação.  Em 2010, os números do tabagismo batia 346,2 bilhões de dólares, para um lucro líquido de 35,1 bilhões. Para se ter uma ideia do que isso representa, essa mesma quantia  é alcançada somando-se, naquele mesmo ano,  da Coca-Cola, da Microsoft e da rede McDonald's juntos (fonte: The tobacco atlas, da World Lung Foundation).  Tudo isso é sem contar com os bilhões gastos em marketing. Que país quer ficar sem a arrecadação disso tudo?

Entre nós, no ano de 2012 a receita líquida do cigarro, só do cigarro, foi de cerca de R$ 8 bilhões e, segundo estudos da OMS, a epidemia tabagista tem estimativas que indicam que, de um total de 175 milhões de mortes relacionadas ao fumo previstas até 2030, 80% devem atingir pessoas em países em desenvolvimento.

Segundo o INCA, no Brasil, 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo, 18,8% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante;  que o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo, que a OMS estima 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes, e que homens apresentaram prevalências mais elevadas de total de mortes devido ao uso do tabaco atingindo a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais.

Quanto ao álcool Bernard Stewart, um dos que editam os relatórios da OMS disse, referindo-se ao câncer. Que não fazemos prevenção, e que, em "relação ao álcool, por exemplo, nós estamos cientes dos seus graves efeitos, sejam eles acidentes de carro ou agressões. Mas há um problema que não é discutido simplesmente porque não é reconhecido, especialmente envolvendo o câncer."

Estudos da Transform Drug Policy Foundation de 2012, informa que os EUA gastaram mais de 1 trilhão de dólares na guerra às drogas nas últimas quatro décadas, e que o número total de mortos só no México é de cerca de 100 mil pessoas desde 2006.
No Brasil, os resultados nefastos dessa guerra fracassada ficam expostos segundo o Mapa da Violência 2014: "a  cada dia, 154 pessoas morreram, em média, vítimas de homicídio no Brasil, em 2012. Ao todo, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas, 7% a mais do que em 2011."
E prossegue afirmando que as "principais vítimas são jovens do sexo masculino e negros. Ao todo, foram vítimas desse tipo de morte 30.072 jovens, com idade entre 15 e 29 anos. O número representa 53,4% do total de homicídios do país. Também, desse total, 91,6% eram homens."
Segundo o site Congresso em Foco,  "em pouco mais de duas décadas a população carcerária brasileira aumentou seis vezes. Nesse mesmo período, a população do país passou de 147 milhões de habitantes, em 1990, para 191 milhões em 2012."
Para Eduardo Backer, advogado da Justiça Global: -“Há uma seletividade de classe e raça. Quem está preso é o preto e o pobre. Quem faz a prisão é o policial, que vê o jovem negro como potencial inimigo. Esse tema está ligado à superlotação”, e ele cita o caso das prisões por tráfico de drogas:  -“A pessoa pega com droga está ligada ao estigma social. Se for negro e pobre, é enquadrado como traficante, independentemente da quantidade apreendida. É uma construção social que precisa ser descontruida.”
Por qualquer ângulo que se observe, estamos diante de uma guerra fracassada, burra e perdida, que só beneficia o traficante e a corrupção.
O álcool mata, o tabaco mata, a cocaína mata, a heroína mata, enfim, qualquer droga, proibida ou não, mata.
Mas a proibição, só ajuda a matar mais...

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