Melhor que viver é ter vivido

Melhor que viver, é ter vivido...


Melhor que viver é ter vivido muito, é ter vivido tudo, é ter sorvido cada segundo como se fosse o último; é ter bailado com aquele raio de sol que driblou a copa das árvores para beijar o seu rosto, em comunhão de luz; é ter corrido entre os pingos que molhou a tarde iluminada por seu primeiro beijo de amor, enquanto suas lágrimas se misturavam com as que caiam do céu, acariciando seu rosto, seu corpo, seu ser.

Melhor que ter vivido é não ter razões para se arrepender do que foi vivido, é não guardar o vazio de não ter tentado, é não se culpar por ter amado ainda que o amor tenha dilacerado sua vida e violentado seus sonhos, ainda que sua alma mendiga tenha se arrastado nas calçada do tempo e se perdido nas ruas de suas desesperanças, lançando você ladeira abaixo, nessas ladeiras que deram no mar onde você lavou suas feridas, sorriu para o sol que despertava o dia e acalentava seu sono doído, e, já com a alma seca e aquecida, perceber que pode começar tudo de novo.

Melhor que ter vivido é ter reconhecido as manhãs de seus afetos cirandado com as tardes de suas ilusões, brincado com a noite de suas desilusões, e aprendido que tudo é uma e a mesma coisa.

Melhor que ter vivido é ter vivido lindas, longas, curtas, tristes, sufocantes, loucas, desmedidas, despudoradas, sofridas, encantadoras, incríveis, desarrazoadas, gostosas, cretinas, inesperadas, ingênuas, loucas, indecentes, únicas, incríveis, mas suas histórias de amor, e, em meio a tudo isso, encontrar seu grande amor.

Melhor que ter vivido é ter mergulhado inteira sua vida no oceano da Vida, com medo e com coragem para superar o medo, sem acreditar mas levando fé de que vai ser bom, atravessando tudo levando um sorriso ou um tapa na cara, mas orgulhosa de ser uma pessoa que não ficou olhando a banda passar, que foi e cantou e dançou e se machucou com ela, e no final, tinha muitas histórias para contar de uma vida que não foi um rio que passou em sua vida.

É perceber que ao fim você foi rio, não margem...


Rio de Janeiro, 3 de maio de 2013.


Paulo R. de A. David

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