Ditadura econômica





Caro Odemar Leotti,


O Brasil avança em marcha rápida para o círculo das economias mais representativas do planeta. Quer e vai se tornar uma nação de primeiro mundo. Seria um momento de orgulho ufanista esse que estamos iniciando, caro amigo e mestre Leotti. …

Mas não a este preço!


 Não quero um Brasil rico, grávido de uma gravidez que parirá uma minoria miserável que será massacrada diante de nossa cara e do silêncio conivente de nossa omissão. 

Para mim, país com economia assim, aleijada e cega, cria um tipo de ditadura econômica amparada pelas classes média e alta que, em sua omissão, legitima ações como a que vimos em Pinheirinhos e em outras cidades que, sem a mesma repercussão, viveram a mesma covardia. 

Essa exclusão feita a baionetas contra os mais miseráveis ainda é pontual (embora sistêmica). Mas nosso consentimento tácito abre caminho para criarmos gulags para confinarmos os miseráveis, enquanto a indústria não construir os fornos como os que os nazistas usaram para incinerar os judeus. 

Há uma ditadura em andamento, meu caro amigo, a pior e mais nefasta, que corrompe, silencia e mata: a econômica.

 Espero que os miseráveis não se deixem abater como esses animais que foram mortos em Pinheirinhos. Espero que o povo brasileiro reaja enquanto há tempo. 

Não é a base de canhão que se resolve a realidade da exclusão social. 

Grande abraço, caro amigo.

(Rio de Janeito, em fevereiro de 2012)

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