Sexta-feira da Paixão: o dia da traição



Tem dia para tudo: dia da Solidariedade, dia da Paz, dia disso, dia daquilo.

Por tudo que Jesus passou há mais ou menos dois mil anos, por todas as suas dores, coisa que o mundo ocidental bem sabe, esse dia bem poderia também ser o Dia da Traição, ou o Dia da Intolerância Religiosa. Vejam que faz tempo que o povo, volta e meia, trai coletivamente.

Ao trair, trocaram Barrabás por Jesus, lembram da história?

"-Quem quereis que vos solte, Barabás ou Jesus, que chamam de Messias ” (Mt. 27,11 ).

E assim foi e assim tem sido.

Traímos muitas vezes, até quando nos omitimos: a escravidão também foi uma forma de traição contra a humanidade, assim como o holocausto judeu, assim como o genocídio palestino ou nas investidas criminosas do exército estadudinense.

Sim, traímos muito. Parece que gostamos disso. Ou o nosso silêncio diante da perseguição de traficantes e falsos pastores contra os terreiros de umbanda e candomblé em algumas favelas do Rio de Janeiro não é uma traição?

Quando um de nós grita pedindo socorro por si ou por outros, e a gente sabe que é por uma causa boa, humana, e, mesmo assim, nos omitimos (até o não repassar uma mensagem - não falo de mensagem político-partidária, isso não!), não denunciando, é uma forma de traição contra o outro e contra a humanidade!

Nosso medo, nossa ambição e nossa omissão, registram no livro da covardia o nosso nome como signatários do Dia da Traição.

Não assinei e não vou assinar esse livro.

Nem dedicarei ou elegerei esse dia para mim ou para meu próximo ( e quem está mais próximo de mim do que eu?).

A todos que não compreenderam meu desabafo, mil perdões.

Aos que lutam pela vida como eu, meus amores!

Um beijo no coração de cada um.

Sexta-Feira da Paixão, em pleno março de um Rio de Janeiro.

Paulo da Vida Athos.

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